Benefícios em toda
a linha
Tomado com
moderação, o sumo fermentado das uvas pode ser um bom aliado da nossa saúde.
Dezenas de estudos científicos revelam os efeitos positivos que ele exerce
sobre o organismo.
A investigadora
Gabriella Gazzani e os seus colegas da Universidade de Pavia (Italia)
comprovaram que o costume ancestral de tratar as infeções das gengivas com
vinho possui um fundamento científico. Segundo revelaram na Journal of
Agricultural and Food Chemistry, a bebida evita o crescimento bucal dos
estreptococos, bactérias associadas às cáries, à gengivite e às dores de
garganta.
Por outro lado, o
seu consumo ativa o gene SIRT1, que impede a formação de novas células adiposas
e ajuda a mobilizar as já existentes, segundo um trabalho do Instituto
Tecnológico do Massachusetts (MIT), publicado na Nature. Além disso, de
acordo com um artigo da Archives of Internal Medicine, embora contenha sete
calorias por grama, em doses pequenas (40 g de vinho por dia) reduz a obesidade
e o excesso de peso ao envelhecermos.
As pessoas que
gostam de vinho costumam comprar alimentos mais saudáveis e ter uma alimentação
mais equilibrada do que os adeptos da cerveja, segundo o British Medical
Journal. Em concreto, os enófilos consomem mais azeitonas, fruta, verduras,
queijos pouco gordos, leite e carnes saudáveis, e tendem a recorrer menos a
pratos pré-cozinhados, molhos, manteiga e açúcar.
Demências e paladar
Cerca de setenta
estudos científicos demonstram que uma ingestão moderada de vinho melhora a
função cognitiva. Além disso, em pequenas quantidades, ele contribui para a
prevenção da demência, segundo um relatório da Academia Sahlgrenska (Suécia).
Pensa-se que isso se deve ao facto de os seus antioxidantes reduzirem a inflamação,
impedirem que as artérias endureçam e inibirem a coagulação, o que beneficiaria
a irrigação sanguínea.
Consumido à
refeição, ajuda a distinguir melhor os sabores do que quando acompanhamos os
alimentos com água, devido às suas propriedades adstringentes, que evitam a
sensação excessiva de gordura associada a alimentos como as carnes vermelhas e
ajudam a saborear melhor, segundo um estudo da Universidade Rutgers (Estados
Unidos) publicado naCurrent Biology. Por isso, o vinho é considerado um eficaz
limpador do paladar.
Outra investigação,
publicada na FASEB Journal, sugere que o resveratrol das uvas contraria as
consequências negativas da vida sedentária. A experiência limitava os
movimentos de um grupo de ratos, dos quais apenas alguns recebiam resveratrol.
Os outros começaram a sofrer redução da massa e da força musculares e a mostrar
fragilidade óssea. “Não é um substituto do exercício, mas pode ajudar no caso
de um indivíduo se ver obrigado a permanecer em repouso”, afirmaram.
Bom coração à luz
de velas
Um copo por dia, no
caso de ser mulher, ou dois, se for homem, aumenta os níveis de colesterol bom
no sangue e evita problemas cardiovasculares, como a formação de trombos,
segundo um estudo da Universidade de Calgary (Canadá). Além disso, o coração das
mulheres bate a um ritmo mais regular se beberem meio copo de vinho por dia, do
que no caso de serem abstêmias, segundo um artigo publicado na Heart.
O vinho tinto reduz
o risco de cancro do pulmão nos homens, sobretudo no caso de serem fumadores,
de acordo com uma experiência efetuada na Califórnia e dada a conhecer na Cancer
Epidemiology, Biomarkers & Prevention. Em concreto, os autores determinaram
que as probabilidades de vir a desenvolver um tumor diminuíam cerca de 2% por
cada copo de vinho tinto mensal. Por outro lado, o vinho bloqueia o crescimento
das células responsáveis pelo cancro da mama, o que poderá ser atribuído ao
facto de o resveratrol travar os efeitos do estrogénio, a hormona feminina por
excelência.
Provou-se também
que beber pelo menos sete copos de vinho por semana, a partir dos 40 anos,
reduz em 52% a incidência de tumor da próstata. Contudo, o efeito reduz-se ao
vinho tinto, o que os especialistas atribuem ao facto de ele conter mais
antioxidantes (flavonoides e resveratrol) do que o vinho branco. Alguns destes
neutralizam a ação dos androgénios, hormonas que estimulam a glândula
prostática.
Finalmente, quando
consumido de forma moderada, o vinho liberta endorfinas (hormonas do bem-estar)
em duas zonas do cérebro, o núcleo accumbens e o córtex orbitofrontal, segundo
um estudo da Universidade da Califórnia. Se quisermos intensificar a sensação,
o vinho sabe melhor se a luz ambiental for avermelhada ou azulada do que se
tiver tonalidades verdes ou brancas, segundo cientistas da universidade alemã
Johannes Gutenberg.